segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

[Um soneto]

Esse Freud que vos diverte não explica -
não explica o que na verdade desejo -
viestes, repito-o - nada vos liga
ao que é - e agora decide-se

que partais. Quem vos pede
sem pudor que fiqueis no seu ninho
desolado de solteiro talvez negue
que possais fazê-lo; e o seu grito

não será por vós, mas pelas suas mágoas.
Viestes dar-me a conhecer
coisas que eu não sabia: mas o anjo

como vem, assim depois se vai. De resto, nenhum saber
serve. A vossa alegria suspende a minha angústia:
mas soube sempre que depois o lamentaria.

(Soneto traduzido a partir do italiano, com a ajuda amável e silenciosa de Hervé Joubert-Laurencin, que me fez chegar às mãos o livrinho.
p. 120)