quarta-feira, 29 de março de 2006

"Autobiografia"

"Amo a vida ferozmente, tão desesperadamente, que não me pode advir daí algum bem: refiro-me aos dados físicos da vida, ao sol, à erva, à juventude: é um vício mais tremendo que o da cocaína, pois não me custa nada e existe com uma abundância desmedida, sem limites: e eu devoro, devoro... Como irá acabar, não faço ideia..."*

O Reboliço ouve as palavras que Pasolini escreveu em 1960, numa nota que lhe pediram para uma "recolha de perfis de realizadores italianos". Cá para mim, pensa o Reboliço, o tipo andou a sondar-me o pensamento.
* Traduzida por Manuel Braga da Cruz e publicada em Pier Pasolini, Últimos Escritos, Coimbra, Centelha, 1977.