domingo, 28 de maio de 2006

Beber e ouvir música

O Reboliço pensa assim: não basta ter à frente uma garrafa de vinho do Porto de 1963, outra de 1982 e outra de 97. A festa verdadeira está em provar primeiro o vinho mais recente, o menos bom, prosseguir para o do meio e terminar com o palato agradecido pelo prémio do mais resistente, o mais aguardado. Não é só uma maneira de engrandecer o vinho melhor - é também um modo elegante de não diminuir tanto a imaturidade dos outros.
Ouvir quase uma hora do virtuosismo de Paganini (muito bem executado, ainda por cima) e a seguir gramar com uma peça relativamente menor de Prokofiev é como beber o Porto de 63 e rematar com uma colheita recente, ainda sensaborona. Não engrandece o russo nem clarifica o italiano - e diminui quem dispõe a sequência.