sábado, 27 de maio de 2006

No fim do cais

O Cais da Poesia terminou frente ao cais, num fim de tarde sossegado que a ria dava para a varanda do Museu do Brinquedo. Para se chegar ao lugar, passa-se numa rua empedrada e ensombrecida por árvores da borracha e buganvílias. Por onde não se passa, nessa rua estreita e obscurecida, não se vêem as pedras da calçada, mas pétalas roxas e folhas secas, das flores, amontoadas junto ao muro e à parede das casas que ladeiam o passeio. Os poetas continuam a ler no mesmo tom de voz quando passam os aviões e as palavras ficam quase só murmúrios na sala pequena. O Reboliço ficou à soleira – de onde podia ver a ria, levantar o focinho para cheirar o ar e misturar nele os versos que ia escutando.