quinta-feira, 28 de junho de 2007

Cunhadão!

A mais recente exposição do Vasco Célio, com novas fotografias de Marrocos (feitas já este ano), abriu ontem ao público. Está na cerca do Convento Espírito Santo, em Loulé, até Agosto.

Jogo triplo

Entra-se nesta exposição de fotografias de Marrocos como num jogo de três fases comutáveis entre si, sem que a uma tenha necessariamente de se seguir nenhuma outra. Chame-se-lhe, aleatoriamente, Fase "invasão", Fase "lonjura" e Fase "presença".

"Invasão" - O olhar invade o espaço entre a realidade fixada e um hiper-realismo, que perverte essa ideia de real e lhe atribui um traço de ficção, de invenção, quase de abstracto. É através desta brecha que a mão humana, o olho, oferece a aura às imagens fotografadas, invade a máquina e impede que predomine na fotografia a frieza do mecânico.

"Lonjura" - A distância das paisagens quebra os espaços, divide-os em sombras e em luz. Cria-se nessa divisão uma outra oposição entre fundo e forma, que fica entre ou atrás do que divide os planos. Marcam-se as diferenças de luz ou de abertura/fechamento.

"Presença" - Nestas imagens, o fotógrafo nunca está sozinho. A paisagem não é desolada. Mesmo quando não está explícita a figura humana, a sua presença restou nas tendas, nas pegadas à beira lago, nos trilhos dos Jeeps que rasaram a árvore de copa estendida.

(Texto que escrevi para a apresentação das fotografias)