terça-feira, 25 de setembro de 2007

Neptuno

Para a astrologia, Neptuno simboliza o idealismo, a fuga ao que é real e concreto através de uma refúgio na fantasia. Muito bem - o que me faz espécie é não conseguir saber o que determina que aquele planeta simbolize (esteja em vez de, re-presente) aquilo. Concedo que, ao procurar a razão dessa determinação, me faço valer de um paradigma racional não necessariamente coincidente com o das leituras astrológicas dos planetas. Mesmo no paradigma racional que habito com um conforto modorrento, a move interpretativa satisfaz cada vez menos as dúvidas que tenho. Não me sinto mais esclarecida por saber que se trata de um planeta que, durante séculos, iludiu a sapiência de astrónomos e pensadores, como que se escondeu de uma catalogação definitiva e, quando essa acabou por acontecer, ainda assim desafiou a prática de associar ao nome de um sábio a sua descoberta. Neptuno faz-me pensar em mar; aceito de melhor grado que o deus do mar seja Neptuno e que, por aí, as qualidades líquidas que associo ao seu elementos (fuga à fixidez, imensidão, infinito) contaminem aqueles que nascem sob a sua influência planetária. Gosto de pensar que existem três anéis em Neptuno, que é eminentemente azul e que se desconhece ainda hoje porque é tão pobre em hidrogénio.