Era Agosto do ano que findou e escrevia isto no blogue do Cineclube de Faro:
"Em conversa com o Hugo Ramos Alves, compararam-se João César Monteiro e Luiz Pacheco. De estilo próximo, incorrigíveis e sem serem para corrigir, cáusticos e maravilhados com o poder da sua acidez, ambos foram (o Pacheco está vivo, não me entendam mal) enraivecidos, lindos, a bardamerdar tudo e todos, centrados apenas nas suas dores de viver. Ambos fizeram (não me entendam mal, o dos livros ainda vive) das quotidianas mazelas de terra e ar, de corpo e espírito, obra visível, partilhada, oferecida. Serão sempre, os dois, marginais (porque sim!) e encantatórios. Mas têm uma diferença inultrapassável. Não que os traga de compita, nem que a algum deles isso desse grande abalo. Mas, chegando às vozes, não há como a do Monteiro, que lhe está assim como aqueles olhos (e, do lado contrário, o Pacheco tem garrafais lentes para uma voz de igual modo garrafal), clara, lenta, direita ao ouvido sem precisar de ajustes. Se calhar é por isso que, quando vejo os filmes em que Monteiro entra como actor penso que todas as coisas, incluindo as feias, são as mais belas do mundo. Ler Pacheco, pelo contrário, faz-me canalizar a boa raiva. Eu contra ninguém, que é como mais gosto."
Ficam actualizados os primeiros parênteses, que aqui anegritei. Isto era também para ter nas Cartas um exemplar do que tenho escrito no do CCF. Acho que o Pacheco não se importa.