- Luca! Já viste a notícia?
- Shiuuuu. Não faças barulho, Reboliço.
- Hum?...
- Estou em meditação.
- Tu? Em meditação?
- Sim, para ver se resolvo um dilema na minha consciência.
- Ah, também serve para isso?
- Sim. Olha, já está, vês?
- Agora diz-me, que estou aqui em pulgas (ai!): qual era o dilema, e o que foi que decidiste?
- Ia ali apanhar malmequeres, papoilas, lírios e outras ervas das que agora rebentam com a cor toda à conta destes dias assim de capote húmido, para fazer uma grinalda e pôr ao pescoço, como o Bo. Deve ficar bem em mim não achas? Só que, com tanto zunzum sobre proteger a natureza, dar nova vida aos animais abandonados, não colher flores e não pisar a relva, parece que não me atrevo.
- Luca, ouve-me - diz o Reboliço, depois de suspirar, a fechar os olhos e a pôr sobre o ombro da bicha a pata direita. - As flores a enfeitar o Primeiro Cão são flores de papel.