quinta-feira, 23 de abril de 2009

(a morte do autor)

.....o Poeta não é aquele Homem finito que nasce hoje para morrer amanhã. O Poeta é o condutor desse grande movimento e, através dos séculos, chamou-se Luís de Camões e Shakespeare, Bocage e Baudelaire. Sempre a mesma alma, que de corpos a corpos se foi transitando. Neles se foi purificando, aperfeiçoando, ganhando asas para ganhar o Céu. Caiu de todas as vezes, porque eram débeis as asas ou impuras (e, aqui, temos a morte do Poeta - do seu corpo - que vai viver mais adiante com outro nome).
Sebastião da Gama, "Carta 1 [a Joana Luísa da Gama, 6.XI.1943]," Cartas I, Ática, Lisboa, 1994, p. 32. (Obrigada, Daniela!)

(Foto da edição portuguesa, publicada em 1944, do romance de Ludwig Tieck Der Tod des Dichters, de 1834, traduzido por Maria Osswald e com prefácio de Hernâni Cidade: Reboliço)