terça-feira, 15 de dezembro de 2009

- Voltou!, voltou, Reboliço! O Petaner está vivo! Voltou!
- Pronto, Luca, pronto, pára lá com a dança, que me deixas tonto. Ainda bem que voltou. E o Boss?
- Veio com ele, - disse a doida, afogueada. - Foi por causa do Boss que os encontraram. Ele tem um chip, é muito fino. Então, telefonaram do canil de São Brás de Alportel para os donos do Boss, e há bocado lá vinham os dois. Ai, que saudades eu tive, Reboliço! Ia morrendo!
- És muito tontinha, tu. E já foste dizer ao Sorna?
- Olha para ali: estão os dois a brincar, mas de longe, que o Petaner não se arrisca. O Sorna também estava preocupado, sabes? Vou ter com eles, adeus!
O Reboliço ia responder, mas a bicha já ia a zunir pela terra fora, os caracóis negros num desalinho de contentamento e a língua atravessada sobre a boca com a ânsia da brincadeira. "Menos mal", pensou o Reboliço. Fechou os olhos pequenos, imaginou que esta noite seria mais descansada e pôs-se a recordar versos antigos e a sonhar que abraçava as nuvens.