sexta-feira, 12 de março de 2010

"Eu falo para cacete!"

"O que procuro no meio da minha tralha é uma espécie de conexão infindável, em que tudo conecta como se a linguagem fosse vegetal, fosse jogando pistilos que vão fecundando em outros, aquela teia de relação que não permite que a frase feche, aqueles parágrafos que vão-se somando. E você começou naquele vestido da Madame Verdurin e termina numa falésia da Normandia, e não sabe como passou do reino social para o reino da natureza. Acho que essa conexão infindável é o reino da arte. A arte não explica, ela é presença. E essa presença no Proust é muito dilatada."
(Nuno Ramos, aqui. Trazido daqui.)