quarta-feira, 31 de março de 2010

Moinhos na poesia (25)


Vêm andaimes lá do Tejo
Tonitroantes, vagabundos.
Vem a adaga de punho curto e ferro em brasa.
Acompanhados de estruturas.
Vem a adaga, o moinho, a foice que não circula, enterra-se.

Vem a facada!
Na barriga, no coração, no sexo.
E deixa o homem morto,
De olhos abertos!!! A luz da doca.
Londres, 14-IX-77

(Raul de Carvalho, Elsinore [1980], in Obras de Raul de Carvalho - I - Obra publicada em livro, Lisboa, Editorial Caminho, 1993, p. 845.)