terça-feira, 11 de maio de 2010

Moinhos na poesia (28)

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MOINHOS

Tudo era branco e acolhia:
o chão, a pedra, a farinha.
De roda jogavam com o vento
que afoitamente entrava
pela camisa dos homens.

Campos de milho, ovelhas taciturnas,
pastos e ao longe o Sado
viam-se ao postigo
enquanto os grãos de trigo
estremeciam
antes de se perderem.

(António Osório, A Raiz Afectuosa (1972), em A Luz Fraterna: Poesia Reunida, Assírio e Alvim, Lisboa, 2009, p. 30.)