quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ode to the Diencephalon (Ode ao Diencéfalo)

(after A. T. W. Simeons)
How can you be quite so uncouth? After sharing
the same skull for all these millennia, surely
you should have discovered the cortical I is
    a compulsive liar.

He has never learned you, it seems, about fig-leaves
or fire or ploughshares or vines or policemen,
that bolting or cringing can seldom earth a
    citizen’s problems.

We are dared every day by guilty phobias,
nightmares of missing the bus or being laughed at,
but goose-flesh, the palpitations, the squitters
    won’t flabbergast them.

When you could really help us, you don’t. If only,
whenever the trumpet cries men to battle,
you would flash to their muscles the urgent order
    ACUTE LUMBAGO!


(a partir de A. T. W. Simeons)
Como podes ser tão deselegante? Tantos
milénios a partilhar o mesmo crânio, terias
com certeza descoberto que o eu cortical é
um mentiroso compulsivo.

Nunca te fez saber, ao que parece, das folhas da figueira
ou do fogo ou dos arados ou das vinhas ou dos polícias,
que a trancar ou a recuar raramente enterram
os problemas de um cidadão.

Todos os dias nos incitam fobias culpadas,
pesadelos de perder o autocarro ou de se rirem de nós,
mas a pele de galinha, as palpitações, as cólicas,
nada disso as espantará.

Quando poderias de facto ajudar-nos, não ajudas. Se ao menos,
sempre que o trompete chame os homens à batalha,
lhes mandasses num flash a mensagem urgente de
LOMBALGIA AGUDA!

(W. H. Auden, 1972. Primeiro poema escolhido para celebrar o mês nacional da poesia, segundo The New York Review of Books. Tradução minha, muito claramente em progresso.)