Ainda não sabes falar, e isso não
te incomoda muito.
Causam-te convulsões as palavras,
sobretudo os verbos – o Modo Imperativo
é do mais engraçado que já ouviste.
Acorda. Vai dormir. Faz. Não faças. Fica.
Tens o teu jargão
qualquer tonto compreenderia,
até um linguista, com o tempo.
Sorriso. Uivo. Reclamação.
Bocejo. Rosnado. Silêncio
faz perfeito sentido
para quem quer que seja.
Estás atrasado
nas Tabelas dos médicos,
os infantis pediatras.
Mas se aprenderes, como temo que aprendas,
tantas palavras quantas regras da gramática há
nas bibliotecas de An Gúm
não dirás uma bendita coisa
que valha mais
do que aquilo que aprendeste
na sala elocutória do ventre,
a pontuação do riso de trás para a frente,
a declinação da chuva ao choro.
Louis de Paor, "Grammar", Clapping in the Cemetery,
Cló Iar-Chonnachta, Indreabhán, 2005. Tradução minha, a partir daqui.
