domingo, 4 de novembro de 2012

O painel de energia solar conformou-se, quieto, na horizontal. Nem um raiozinho: anteontem, ontem nem hoje. O Poço Novo cobriu-se de uma névoa mansa, palpável, de gotas que vão uma vez e outra engrossando, nunca agressivas. O Sorna sofre mais nos dias assim. Gemem-lhe os ossos da bacia quando galga um degrau, se desce um valado ou quer correr. "Tem uns oitenta anos," lembra a Luca, entre o triste por ele e o satisfeita na sua articulada juventude. "Luca, tu estás na meia idade. A partir daqui também podes contar com a decadência." "Ah," responde a ladina, enquanto se escapa para mais um passeio à chuva, "não conheço eu outra coisa, desde que era uma bola reboluda, Reboliço."