quarta-feira, 13 de março de 2013

Rejubilemos!

Sim? E, enquanto não há fumo branco sobre se o bardo estará ou não presente num certo e determinado momento de refeição do corpo - que não da mente, que essa permanentemente tem alimentada - vamos lendo, de lusamente ler, o que quis dizer em "Long and Wasted Years". Sim?


Passou tão longo tempo
Desde que nos tivemos amor e almas verdadeiras
Houve um dia, um dia breve, em que fui o teu homem

Ontem à noite ouvi-te falar enquanto dormias
A dizer coisas, minha querida, que não deverias
És capaz de ter de ir presa, um destes dias

Haverá um lugar aonde possamos ir?
Alguém que possamos visitar?
Talvez seja contigo igual ao que é comigo

Não vejo a minha família há vinte anos
Coisa difícil de entender, às tantas já estão mortos
Perdi-lhes o rasto desde que perderam a terra

Agora ginga, querida, berra e dança
Já sabes do que se trata
Seja como for, o que fazes aqui ao sol?
Não sabes que pode dar-te cabo da moleirinha?

O meu inimigo afocinhou no pó
Caiu morto na estrada e perdeu o brilho
Foi brutalmente atropelado, ficou espatifado
Morreu em desgraça, tinha um coração de ferro

Uso óculos escuros a tapar-me os olhos
Há ali segredos que não consigo ocultar
Anda cá, minha querida,
Olha, e desculpa lá se te ofendi, sim?

Dois comboios vão lado a lado, quarenta milhas de distância
Descem a linha do Oriente
Não tens de te ir embora
Só vim ter contigo porque és minha amiga

Acho que enquanto estava de costas
Atrás de mim todo o mundo ardia
Já passou algum tempo
Desde que atravessámos aquele tão longo corredor

Chorámos era uma manhã gelada e fria
Chorámos porque se nos despedaçavam as almas
Lá se vão as lágrimas
Lá se vão estes longos, anos perdidos

(Bob Dylan, in Tempest, 2012. Tradução: AIS.
Sobre o disco, escreveu Aldo Mazzucchelli "Mercurio en el barro".)