sábado, 13 de julho de 2013

Ulisses

III.

Aqueles que navegaram junto à ilha das Sereias contavam
que a ilha surge de súbito do mar como uma visão.
Ao longe com as suas falésias íngremes parece um navio
parado e imóvel num mar escuro.

Como se o canto comovente e os fugazes ecos
fizessem estremecer os seus recifes aguçados,
como se sobre o seu cume - ao que parece -
estivesse pendurado um cavaleiro numa trave imóvel.

Sob um sol ardente como costelas os vestígios dos barcos
não se decompõem e esfacelam-se devagar nos recifes da costa.
Na rocha nem uma gota de água doce, nem um punhado de terra.
Assim conta quem navegou junto à ilha das Sereias.

(Gregor Strniša traduzido por Mateja Rozman, in Poetas Esolvenos e Portugueses do Século XX - Slovenski in Portugalski Pesniki XX. Stoletja, Guimarães 2012/Maribor, 2013, p. 269.)