Faz vento que mete medo,
Turva poeira arrepia.
Uiva o Diabo, assobia...
E o vento as coisas embrulha
Que nem palha na debulha.
Folhas, ao sopro daninho,
Gaivotam reviravoltas
Que nem velas de moinho.
Andam Diabos às soltas...
Ramos cá, ramos além,
Sofrem tratos de polé,
E mal um homem se tem
Firme e senhor de seu pé.
- Ó passarinho, não fujas!
- Poisa nos ramos mais altos!?
Até no bico das corujas
A Natureza dá saltos.
(Afonso Duarte, 1884-1958)