À Fernanda Dias
Vejo-me de mãos nos bolsos. As ruas impressas no
        Manhattan Street Walker distinguem-se da calçada
debaixo dos meus pés
debaixo dos meus pés
        só
        porque são coloridas. As pedras, os tijolos das
        paredes em Washington Mews, vidro que as
        portas refletem, o céu, chão enquanto ando, tudo
        neve e fumo, cinza branco. Nevou.
Lembro-me: nunca visitei a estátua da Liberdade, vejo-a
       de longe, no jardim de Battery. Os esquilos
       são pequenas esculturas em metal. Escrevi o meu nome na
       neve, um monte que cobria uma pedra.
Estendo roupa numa varanda larga, um pátio de onde vejo a
       ponte de Brooklyn; a única varanda que tem
       roupa estendida, em todo o Financial District.
       Quando o vento consegue soprar entre os edifícios, é
       uma cena campestre. Ordet junto ao Pier 17.
(AIS, Cão Celeste, 12, março de 2018, p. 25)
 
