quinta-feira, 28 de julho de 2005

Caderno da Escola, sem acentos nem cedilhas (12)

Vi esta noite o Mondovino, filme sobre a globalizacao e os produtores de vinho (de Franca, Italia, Argentina, da California e do Brasil). A imagem inicial e de Pernambuco; banda sonora, Amalia Rodrigues. A sala estava (como quase todas aqui em Cornell) a escaldar e a unica maneira de suportar aquele calor era com duas ventoinhas gigantescas, uma de cada lado do ecran. Um zunido tremendo. Um calor horrivel. E eu toda arrepiada a ouvir a Amalia e a ter saudades, saudades de casa (alo, Zabelinha...).

O filme poderia ter menos uns vinte minutos (as ultimas vezes que fui ao cinema sai da sala com esta sensacao. Nao e bom...), mas tem um elemento muito curioso: a camara deixa-se seduzir por todos os caes (alo, Luquinha!...) que aparecam na cena. O cao e, portanto, um elemento de raccord e, ao mesmo tempo, de destronizacao do tema principal. Fiquei sem saber (mesmo!) se o filme era (mesmo) sobre vinhos ou nao seria antes sobre a paixao de Nossiter pelos canitos (assim mesmo). Bem, na verdade, pode ser ate sobre muitas outras coisas, nomeadamente (e isto pode ser visto como a minha ultima grande personificacao do argumento americano) a expressao de afirmacoes politicas e a interrogacao sobre o sentido da recusa do sistema capitalista. Haveria muito (mesmo muito) a dizer sobre esta recusa, ou sobre o tom de inevitabilidade com que o filme tinge o monopolio dos Mondavi. Mas se calhar isso passara para outro blog.