sexta-feira, 5 de agosto de 2005

Os Dias do Desespero

Gus van Sant fez-me reconciliar com o cinema. O seu Last Days e um exemplo de sensibilidade e bom gosto. E, ou me engano muito, ou tem das imagens mais bonitas dos momentos de uma morte. Fecha a trilogia que comecou em 2002 (muito bem) com Gerry e seguiu em 2003 (igualmente bem) com Elephant. Em Last Days vi, alem de elementos dos dois anteriores, um olhar desconfortavel com a inadequacao das almas aos lugares, dos lugares as pessoas, da natureza ao homem de hoje, do homem de hoje aos outros, dos outros a si mesmos... Cada imagem e tratada com um cuidado que chega a ser ternura. Tal como nos outros dois filmes, as palavras, os sons e o silencio sao introduzidos com o rigor de uma partitura barroca. Chego a ter receio de usar a palavra "perfeito", mas nao compreendo bem porque.