terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Maçãs na piscina

Chegavam ao final do dia. Cada manhã escolhiam o parque onde pernoitariam e chegavam lá no final de cada dia. Aquela era uma tarde de Setembro, com o sol a cair cedo e o ar a arrefecer mais depressa. O parque ficava no cimo de um monte íngreme que a carrinha custara a subir, numa encosta do Gerês. Lá em cima, silenciosos do cansaço da viagem, montaram a mesa e prepararam o jantar. Depois disso e antes de comerem, tinham-se afastado com a gata, para uma espécie de reconhecimento do lugar ao lusco-fusco. Junto à rede que os separava da queda da encosta havia uma piscina pequena. Àquela hora quase não viam a água, mas só o seu brilho, coberto de mosquinhas que se afogavam. O que as atraía era o cheiro, dulcíssimo e intenso, das centenas de maçãs a boiar.