quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

Lisboa

Nasci em Lisboa. Tenho uma única memória da infância lá: nas traseiras do prédio onde morávamos, que na altura era um baldio. De mão dada com o meu pai, não sei se em silêncio na minha cabeça ou pelas nossas vozes, ouvia uma canção. É só isso, o som quase sussurrado e as ervas altas à passada dele e aos meus passos pequenos. Só voltei a amar Lisboa quando me rendi às dezenas de vezes, depois centenas, em que o regresso, a chegada à ponte e a vista do rio me aproximavam das lágrimas. Lisboa comove-me. Acredito em tudo o que se escreve sobre ela, o mal e o bem.