segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Trabalhos no moinho, final do primeiro dia

....Está a entardecer. Sento-me na rua, por baixo da videira frente à porta de casa. Já bole o vento fresco. Daqui vejo, em enfiada, as duas portas do moinho. A grande está aberta. A do fundo tem só aberto o postigo, um quadrado de luz a pôr-se na madeira já de encarnado indistinto.
....O moinho está esventrado. O piso intermédio não tem as mós postas – estão todas arrumadas à curva da parede, dispostas ao alto. Uma delas, vi hoje, está no moinho desde o fim dos anos cinquenta, foi quando os homens do Cineclube de Beja filmaram a operação de montagem. Na pedra, escritas a tinta vermelha, as mesmas iniciais que no filme se viam a preto: F.D.S.
....Além das mós e das cunhas de madeira, a escada que leva ao piso do telhado está também tirada, inútil, encostada às mós. Do piso de baixo, pelos buracos dos veios dos dois casais de mós, vê-se o piso de cima. Do vão da escada de baixo vê-se o vazio do piso intermédio, que não olho daqui, mas está lá.