Esqueceu-me, desculpem... É das tais coisas que um gajo tem tão entranhadas que se esquece de as dizer aos outros: o panito para a açorda é quanto mais velho melhor. Antes de embolorecer, claro. Mas se tiver já uns verdetes, não é coisa que assuste um bom alentejano: corte-se-lhe os ditos (os verdetes, pessoal, os verdetes!) e o pão fica maravilha.
O Reboliço lembra-se que, quando se vendia pão na mercearia do avô Martins, a tia guardava zelosamente o mais velho. "Nita!", ouvia-se a quem entrava, silhueta escuríssima contra a luz da rua de estio, noutras horas só visível através da nesga da porta mal fechada. "Ainda tem algum panito d'ontem?" "Olhe, já nã tenho." Aquilo confundia o Reboliço, que sabia perfeitamente do pão, pousado na pedra por cima da salgadeira e coberto com um pano branco. "Tia," reparava-lhe depois, quando saía a freguesa, "Mas tem ali pão..." "É p'rá açorda, mai'logo."