terça-feira, 5 de dezembro de 2006

O banho

O Reboliço pôs a água a correr. Como é hábito - irritante e persistente - dela, a Tiaga saltou logo para o rebordo da banheira. Desta vez, pensou o Reboliço, não te livras! Sem que a bicha desse por ele, fechou a porta da casa de banho. Depois de ela ter feito dois ou três passeios pelo rebordo, encantada nas gotas que escorregavam pela cortina transparente, agarrou-a pelo lombo e deu-lhe uma chuveirada. A pobre esperneou um bocadinho, nem miar miou, esperneou mais e decidira-se a arranhá-lo quando ele voltou a pousá-la no chão. Desorientada, só conseguiu pôr-se a dar voltas à sanita e ao bidé, em oitos tontos oitos. "Sacode-te!", dizia-lhe ele. Nada - a bicha estava como alucinada ainda. As manchas cinzentas e castanhas por cima do branco escorriam, entristecidas e agarradas à pele. "Sacode o pêlo," insistia ele. Nada feito. Gata que é gata não se comporta como um cão. É assim, ou não é?