terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Sexta-feira passada (Monterey)

....Foi a segunda vez que saí de Palo Alto desde que aqui cheguei. Alinhei, de novo, com o Eelco - é boa companhia, não quer que eu conduza (ok, isso às vezes aborrece-me um bocadinho, vá...) e sempre ficam o carro e a gasolina por metade do preço. Na nossa saída anterior, tínhamos ido até Point Reyes. Íamos com intenção de ver baleias, desde o farol, mas chegámos lá uns míseros vinte minutos depois do último autocarro que levava ao farol propriamente dito. Com a estrada inacessível aos automóveis particulares, maldissemos a nossa sorte (muito bendita, aliás, depois de uma paragem para uma caminhada breve em Muir Beach e para um almoço repimpado em Stinson Beach) e retomámos a tortuosa estrada de regresso a PA. O sítio (Point Reyes) é lindíssimo, seja como for. (Fez-me lembrar certas paisagens dos Açores.)
....Desta vez, então, rumámos a Sul. Escolhi eu o lugar, não me desviei da toponímia real e fomos a Monterey. Íamos também ver baleias, mas o último barco saía à uma da tarde e a essa hora estavámos nós refastelados num restaurante sobre a marina de Monterey a comer umas belas tortilhas de camarão e a gozar com uma lontra marinha que se enrolava sobre si mesma dentro da água suja do óleo dos barcos e rodeada por gotas grossas da chuva que ia caindo. Implorei ao Eelco que não ficasse de mau humor com a contrariedade, e lembrei-me que a Diana (a minha senhoria, foto dela com o seu Mustang negro aqui) dissera que o Aquarium de Monterey valia uma visita. Valeu, sim senhora (querem fotos de alforrecas? Vão aqui.)
....As viagens de automóvel (foram mais de 400km) dão para uma pessoa ter uma impressão fugidia dos lugares. Retive a imagem de algumas árvores de tronco larguíssimo, que escureciam de repente a estrada, das ondas a misturarem-se com o cinzento da chuva a cair sobre o mar, na Highway 1, de caixas de correio descoloridas e gastas em sítios ermos, ao lado de carcaças de velhos automóveis. (Fiquei a pensar onde estarão os americanos que construíram estas estradas no meio das montanhas, ansiosos por chegarem ao mar. Serão os despojados das cidades novas, os vagabundos que se sentam nas paragens de autocarro, vestidos com dois ou três pares de calças, cordel de sisal a fazer de cinto, empestados nos bancos dos jardins? Eram deles os carrinhos de mão encostados, de borco, às paredes de madeira apodrecida nestas casas fora de cidade, subúrbio, zona de compras?)