Drlim, drlim, drlim, drlim - a esquilinha ouve-se, foge da porta da casa até ao fundo do c'runchoso e sossega por baixo da figueira pequena. "Nada mau," pensa o Reboliço, "se os Outubros vierem a ser assim: pode ficar o amanhecer claro, uma ou duas nuvens em fiapos, rastos de aviões e mais nada, e os fins de dia como sempre foram no Outono, os mais lindos do ano. A noite pode ser fresca, não tem mal. Ajuda a temperar o dia morno." Baixa o focinho para cima das patas da frente, já dobradas, esquece-se do zumbido das vespas no monte de pedras ao seu lado e adormece. Sonha com a areia da praia e fica a fazer de conta que está mais a Sul. O cheiro da maré vaza embala-o, as vozes de quem atira salpicos de água, o barulho dos aviões, outro avião. Dormita, quase acordado, até deixar de perceber se o ruído baixo que lhe entra nas orelhas é o das ondas a rolarem devagarinho ou o do vento manso a dar no arbusto de alecrim.