segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Filosofia canina (2)

O Reboliço decidiu fazer alguma coisa pela educação das quatro crias da Luca. O Petaner (ainda não se desmaginou de que é o pai) sentou-se a ouvi-lo, pois os pequenos nem os olhos abrem, quanto mais os ouvidos.
- A grande questão é o binómio acção/pensamento. Quando uma ideia nos chega, devemos ficar muito quietos à espera que assente. Ouve-se dizer que se deve fazer exercício físico, para oxigenar o cérebro, e dislates do mesmo calibre. Nada disso.
- Ora toma... E eu que pensava...
- Precisamente, Petaner. Tu és dos cães que mais pensam. Mais do que tu, só o Sorna, que se mexe apenas em caso extremo de urgência. Vê a Luca, que já não pára nos ovos outra vez: aquela bicha pensa? Não pensa, só age. Claro que, como não pensa sobre nada, não pensa sobre as suas próprias acções; logo, nada do que faz lhe parece mal feito - nem lhe parece sequer . Um gajo quando quer pensar é pensar só.
- Hum... Quer dizer que aqui o Preto 1, o Preto 2, o Preto 3 e o Pincel têm estado este tempo todo a pensar?
- Ah, seguramente. O pior é que, não tarda nada, acaba-se-lhes o período de reflexão.