terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Moinhos na poesia (11)

O cão do vizinho António entregou estes versos ao Reboliço. São sobre um moinho de água, mas ficam. Torna sempre!

"Le Moulin"

Un bruit long qui sort par le toit;
Des hirondelles toujours blanches:
Le grain qui saute, l'eau qui broit,
Et l'enclos où l'amour se risque,
Etincelle et marque le pas.


"O Moinho"
Um silvo que sai pelo telhado;
As andorinhas sempre brancas;
O grão que salta, a água que mói.
E o recinto onde o amor se arrisca,
Marca o passo e faísca.

(René Char, Furor e Mistério, Relógio d'Água, Lisboa. Versão portuguesa de Margarida Vale de Gato. O original terá sido composto em 1948 e foi publicado pela Gallimard em 1962 como Fureur et Mystère.)