quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Excurso filológico-ético

Ele é deitar tarde, ele é erguer cedo, ele é dormir pouco e toss and turn toda a noite breve. O Reboliço anda num rebuliço. O que lhe vai valendo é que, volta não volta, recorda-se que é nas palavras, naquilo que se diz, que se ajusta o que se quer dizer. Anteontem foi a alma como vício (na voz muito calma e aberta do Manoel de Oliveira a passar as palavras lentas e não ditas da Agustina) o que o maravilhou. Hoje, incomodado por maldades e por bondades agitado, pensou que as palavras "malévolo" e "benévolo" não querem só dizer alguém que quer mal e alguém que quer bem. Querem dizer que bem e mal dependem da volição dos serzinhos. Ou seja, que ninguém é mau só porque nasceu assim e tem feitio para não sei quê, e que ninguém é bom só porque calha. Não é coisa do acaso nem de circunstância. Um gajo ou quer mal ou quer bem e mais nada.