domingo, 15 de agosto de 2010

Montes Velhos (1)

O pai da avó Adelaide era Joaquim Fernandes, um ferreiro em Montes Velhos, que era o filho enjeitado de um padre e teve uns oito ou nove filhos. A avó Adelaide era a mais nova e chamou-se Adelaide porque a filha mais velha tinha morrido e tinha-se chamado Adelaide (tinha nascido vinte anos antes de nascer a avó Adelaide). Esse ferreiro mandou o filho Manuel aprender a moleiro. Dos filhos homens, o Manuel era o mais novo (o meu mano Fernando, que já lá está, é que lhe chamava o “tio Manelzinho”). Depois, Joaquim Fernandes mandou fazer um moinho para o filho Manuel ir para lá trabalhar. (Outros irmãos da avó Adelaide: um parece que era Luís e estava para Casével. Eram uns quantos e parece que quase todos tinham aprendido a ferreiro a trabalhar com o pai.) Então, esse tal moinho foi feito em Montes Velhos. Um dia destes conheci um Carlos Fernandes (com pouco mais de 30 anos, casado com uma professora), sobrinho-bisneto da avó Adelaide, neto do Joaquim Canhoto, que era barbeiro, que era um dos sobrinhos da avó Adelaide. Este moço é filho do Francisco Fernandes, que era barbeiro como o seu pai. A prima Fátima também é filha do Joaquim Canhoto: ela é de Montes Velhos, casada com um polícia chamado António Ferro. Um irmão do Joaquim Canhoto (tio da Fátima e tio-avô do Carlos Fernandes), que era campino, andava com os touros bravos de um homem chamado Lampreia.

(Relato do tio Luís Soares em 2010, sentado à mesa em frente da porta da cozinha, que já foi janela e antes disso era parede nua da cavalariça. A mesa foi feita pelo avô Chico, que encheu de cimento o calço da roda de um carro de bestas e assentou o disco sobre uma estrutura de madeira. Tem uma data gravada no tampo: 10 de Maio de 1964.)