quinta-feira, 3 de março de 2011

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Estamos em Março, o nome
é riso. O riso, ar. Qualquer corpo
está cantado, habita
nossa casa, sua gente.
Água é o lugar. Estamos
limpos, digo.
Salvos, acrescentas.

As águas não esperam
os olhos devagar.
Pousamos as mãos.
Posso dizer a mim próprio
o mar que se confunde
com estas palavras, com o teu rosto?

Entretanto morremos.
Os barcos vão.
Mágicos é que nós somos.
(João Miguel Fernandes Jorge, Poemas Escolhidos [1971 / 1981],
Lisboa, Assírio e Alvim, 1982, p. 12.)