domingo, 15 de abril de 2012

Espírito Santo

A Henrique Espírito Santo conheci-o nos idos de 94, ou 95. Lembras-te, Gracinha?, quando nos recebeu na sua produtora (onde era?), um sorriso seguro e grande. Falaria sobre António Reis e Margarida Cordeiro, mas falaria de muitas outras coisas. Contaria outras histórias, e ficaria tão embevecido ao contá-las como quem pela primeira vez as ouvia. Esteve em Faro, para a homenagem a Reis, e depois de uns anos outra vez, e talvez outra. No cinema português, se há um brilho de olhar, se uma cena se destaca e me faz pensar "Olá...", é certo que a ficha traz o seu nome. Metade do filme de Miguel Gomes assenta nele, na tal voz de contar - que entra, ainda discreta, quando só as costas se lhe mostram, o chapéu e a doce altivez. Em Meus Amigos, é o Inspector Pinto: "Oh, aquilo foi só uma perninha, fazíamos sempre isso, eram cenas pequenas, um tipo estava ali à mão e fazia." E fazia bem. Henrique, disse-lhe, quero lá saber se se lembra de Faro - dê-me um autógrafo, por favor.