Uns versinho bem ingeno
Vamos agora estudar,
Não dão tese de poética,
Só cultura popular,
Ou seja, matéria inculta,
Bacharel quer Bachelard,
E sem Lacan, nem lá com
Derrida, vão nos negar
A teorética das bolsas
De estudo da capitar!
Só pra ver luta de classes
Com monóculo de Marx
É que servem as estrofe
Deste rasteiro arraiá,
Uns versinho sem ingenho,
É o que pode rascunhá
O povo plebe proleta
Sem nós, os intelectuá,
- O reitor vai tomar posse!
Vamos todos se apressar,
Nossa pesquisa científica
Será discurso copiá,
Deixe o poeta com nome
De passarinho banar:
Quando ele voa, não canta,
Se canta, deixa de voar.
(Patativa do Assaré diz que não faz verso, mas escreve na mente)
(o vôo canta sem voz)
(os ingênuos querem o engenho; os gênios esqueceram-no)
(na terra cultiva o vôo de pisá-la)
(mais que a virtude dos pássaros
e mais que o alado pesar:
quando lhe tiram o céu,
voa o vôo de cantar)
poesia não faz verso, escreve na mente