O Reboliço publicamente apregoa a sua preferência pelas emissões radiofónicas. Tem horas inteiras de eleição, mais do que programas, e a estação favorita. Tirem-lhe as horas da madrugada, o José Candeias e os marinheiros, os camionistas, os reformados com insónias, os entregadores de pão, os emigrantes que fazem surpresas aos familiares estremunhados; tirem-lhe o re-ouvir o Rafael Correia, sábados, manhã cedinho, e todo o seguimento daí até depois de almoço, tirem-lhe a Eucaristia dominical, transmitida a partir da Igreja de São João de Brito; tirem-lhe as Crónicas da Idade Mídia, A Vida dos Sons, A Cena do Ódio e o seu dylaniano modelo; tirem-lhe as entrevistas, as descobertas de músicas novas; desliguem-lhe os dislates, até os disparates de muitos locutores; apaguem do seu passado a SuperFM, o Rádio Clube de Loulé, a Antena3; tirem-lhe "os alentejanos" da Rádio Pax, tirem-lhe os relatos da bola; tirem-lhe a voz do Robert Harrison da Internet e as emissões da ópera do Met. Farão dele um cão muito menos feliz.