segunda-feira, 15 de abril de 2013

Moinhos na poesia (42)


                                                               Ao Fialho

Um resto de restos, babando mágoas
de intrigas em roda da ruína de si mesmo,
como um vento estúpido, sem história
nem destino, rondando às portas inúteis
onde bate a medo e ouve o medo bater.
Recolhe asas de moscas mortas e anuncia
as velhas desgraças às velas dos moinhos
destroçados que vai movendo. Não conserta
nada nem deserta, apenas fica de volta
como uma voz sem língua nem dentes.
Faz das frestas a sua torpe garganta, e,
sem música nem sangue, é apenas um
músculo daninho, servindo-se dos muros
vizinhos para se elevar. Sem corpo ou
caminho, não passa de um túmulo no ar.