terça-feira, 11 de junho de 2013

(Post dedicado)

DA CUMPLICIDADE

janelas atrás dos gatos
e outras
são narrativas das nossas mentes

há narrativas que julgamos
serem a verdade de outras janelas
onde se vê passar o silêncio

mas os silêncios
são cúmplices e conjugam-se
nos sentidos mais felinos em que só o homem confia

espelhadas e saqueadas ficam
pelos movimentos das janelas vizinhas
mas o que fica
é o poema de um gato negro à janela.

(Miguel de Carvalho, in Telhados de Vidro nº 18, Lisboa, Averno, Maio de 2013, p. 75.)