esculpir um rosto no núcleo da calçada marmórea
sulcar um corpo caminhante entre sombras que rasgam
tendo o vento e o moinho como testemunhas
e sobre eles o silêncio das cantarinhas desnudadas
engravidar ao crepúsculo as estrelas nos campos de batalha
à semelhança das consciências rendilhadas pelo sol
pelos espojinhos
enquanto diz uma criança
o poema dos nossos receios
nas manhãs pendem cachos
junto de uma cigarra presa na teia
aquela queratina branca e quebradiça
é a pele da nossa língua
em finas camadas alternadas
de poeira e silêncio
quando a noite tem fome e luz.
Este poema foi vivido
não fujo da memória
nem do lugar preocupado
na minha face grisalha.
(Miguel de Carvalho, Beja – Cabo Mondego, Agosto de 2013.
P.M.P., ou seja, por mail próprio. Obrigada, amigo.)
P.M.P., ou seja, por mail próprio. Obrigada, amigo.)