Não sei se nos seus poemas
se moviam figuras a quem
aconteciam coisas
como leio nas primeiras
notícias, mas sei que a todas as figuras
acontecem as mais variadas
coisas como
morrer
e ninguém como os poetas para o saber
estou, porém, em bruxelas, quando
isso acontece a um poeta do meu país,
a milhares de quilómetros de distância
alguém que, como eu, caminhou no continente
que daqui parte e que o amou como à arte
de fazer versos - e somos dois
somados a uma outra ideia de poeta:
alguém a quem acontecem coisas
como às figuras dos versos
coisas como
viver para escrever
como se escrevendo
se adiasse a morte
e dessa arte só restasse
uma outra morte: a de amar.
(Ricardo Marques, Bruxelas, 27/04/14.
Muito obrigada, Ricardo.)