quarta-feira, 2 de julho de 2014

"Movimento"


Quase todo o movimento hoje é a uma velocidade
Que nenhum déspota romano, nem do Renascimento, sonhou
Existir. Não olhamos para a paisagem que vemos;
Não damos pelos oceanos que cruzamos;
As acelerações de palavra e de estilo
Disfarçam a arte lhana com que namoramos
Os pensamentos que descartamos depois de usar.
Neste mundo paliativo, a velocidade
Não chega a ser privilégio executivo,
Nem a distância que devoramos
Nos sustém. Sonhamos mais depressa
Do que viajamos e os sonhos
Regressam, apressados, àquilo que significavam
Quando o céptico, sábio e mortal Sócrates
Jazia paralisado, no momento máximo do seu argumento.
John Bruce, aqui.
Tradução: AIS.