quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Felizes 3/4 de século, meu pai.


"Um testamento, do avesso: O que te dou, que a mim tens dado"

(As coisas que oferecemos são, afinal, as que desejamos de volta)
As palavras ditas - "brinco", e brincas; "e esta, conheces?" –
não do dicionário de verbos, não só.
Antes jeitos, "toma este", pendores de cabeça
para olhar o mundo de outro,
pouco mas tão diferente, ligeiro ângulo
de vista ou de sentido. Um mover de olhos,
na direcção branda do mundo, onde está o que
sempre foi mas nunca, por piedade, nomeado.
Glória esta de me dizeres
a mais bela, de o ser, como todas o somos,
de verdade.
Ou de, sem ter o nome pronunciado, sentir,
a cada sorriso que te dou, dado de ti,
as sílabas completas - agudas, breves.
As tuas, como as minhas.

(AIS, 20.XI.2014)