amarelecidos, tua mãe, de cabaia, numa festa,
os tios viajados, sorridentes,
num país invernoso, com chapéus.
passeios de domingo, tua avó contigo ao colo,
solenes casamentos, parentes de nomes esquecidos,
com folhos laços a multidão das primas.
nas paredes da casa tantos anos fechada
fenece o papel ingénuo com grinaldas –
brinquedos, a espada do bisavô, o copo de prata,
o travesseiro de faiança, tudo me mostras.
como num sonho choro com as pontas dos dedos,
inventariando o teu bazar de mágoa.
(Fernanda Dias, Rio de Erhu, Fábrica de Livros, p. 30.)