O Reboliço encosta o focinho ao vidro da janela, morno ainda da noite. À volta, embacia-se um bocadinho do mundo, enquanto o bicho vê e escuta a chuva, que cai miúda nas pedras da rua do moinho. Toda a noite, mansa, foi caindo, por fim. Agora, os telhados arranjados de novo, os beirados muito direitos, inteiros e caiadinhos, venha o tempo fresco, a água, as nuvens mais escuras. Foi um Verão longo, estendido: o Reboliço não fecha os olhos, a seguir o trânsito de cada gota no vidro, nem recolhe as orelhas, desabituadas já daquele canto mole que a terra acolhe.