segundo pacto. foi o abismo que explodiu
nas primícias, guerras depois do oxigénio inquietar o barro,
silêncio de boca aberta.
e veio a ser que as estátuas fizeram as bocas
assombrar-se de água
e cuspiram para cima, para a claridade dos pulmões intermitentes,
olhos mais prováveis da cúpula.
mas a água retornou — afogaram-se
com dízimos desabados do regresso.
aconteceram as primeiras flores, subiram pela aridez, devoraram
e deus viu que não era bom: o esquecimento era potável.
mas nem a flecha mais apertada pela luz
acertou na serpente nem nos ovos que abandonou.
para cobrir com muito de escuro abrem
os caminhos maternos, a sua bússola de areias
frias caoticamente.
e ainda hoje algumas canetas direitas
por esses desertos transitam, mordem escorpiões
e o veneno por dentro os morde, morde-lhes a sede:
do seu centro explodem os antídotos.
(também outras esquerdas: certo é que algumas mãos
estão cheias da sua maneira de noite).
no didicil núcleo de uma estrela na língua morrem,
desaparecem apagados e limpos,
amargos, estremecendo,
morrem
como quem despe uma roupa viperina
roubada aos outros homens, lanterna.
e deus viu que não era bom — todo o frio
desinstala a ciência — e
foi a tarde e foi a manhã, oitavo dia:
/noite longa, maravilhosamente longa/,
começou a noite por ser o calabouço dos desassossegados.
do restante homem,
tão informes e cozidas tantas carnes num traço a recto vazio,
por fome rouba o poema
(Leonardo, âmbula [: pés, punhos, tórax: manicómio/manicórdio], Companhia das Ilhas, 2015, pp. 26-27.)