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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Moinhos na Poesia (66)

ALENTEJANO RETÁBULO
          A um operário

A cizânia da vergonha
nesse toucado de espinhos.
Cravada junto ao retrato

de par secreto de amantes:
dois rapazes foragidos
no moinho solitário.

Entre oliveiras e pedra,
toutinegras ou pardal.
Alecrim, tomilho, murta:

carne solar de crioulo
roçando corpo trigueiro
- além da curva do monte.

E no verde manto de erva
- o alegre trevo do sexo.
Do par secreto de amantes,

ao moinho condenado
por uma folha, por verde
folha de trevo da sorte.

Entre lebres e furões
- asa de corvo no céu.
Dois rapazes amarrados

ao seu moinho de vento
- em noite de lua clara,
fora do mapa do mundo.

José António Almeida, Arco da Porta do Mar, Lisboa, &etc, 2013, pp. 65-66.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

"Mapa da vila"

O mapa da vila é tão pequeno,
uma grelha de ruas e travessas
sem interesse para forasteiros,

grades em volta da minha janela
- postigo monacal sobre essa linha
do cerrado horizonte da planura.
(José António Almeida, Obsessão, Lisboa, &etc, 2010, p. 51. Obrigada.)