...."Vejo, outra vez, as fotografias que tirei em Trás-os-Montes. Quase todas mentem." Escreveu António Reis, ainda só poeta, em 1969. Depois, abalançou-se a fazer filmes, talvez à procura da "verdade" que não reencontrara nas fotografias.
....Lembrei-me dele a propósito dos meus "Açores". Releio o que escrevi e não vejo ali grande verdade. Ontem, na estrada que faço quase diariamente do trabalho para casa, e perante o espanto que também é quase diário ao ver o sol dar nas árvores, nas mesmas de sempre, a luz invadir quase sempre as mesmas casas e as mesmas veredas, quis descrever o que via. Subitamente, pareceu-me muito mais difícil descrever (fotografar por palavras) aquilo que conheço melhor. Apesar disso, e por estranho que seja, não encontro verdade no contrário - e, agora que, como o Reis, olho outra vez para as "fotografias que tirei" nos Açores, vejo nelas pouco, muito pouco do que o meu olhar recorda.
....Lembrei-me dele a propósito dos meus "Açores". Releio o que escrevi e não vejo ali grande verdade. Ontem, na estrada que faço quase diariamente do trabalho para casa, e perante o espanto que também é quase diário ao ver o sol dar nas árvores, nas mesmas de sempre, a luz invadir quase sempre as mesmas casas e as mesmas veredas, quis descrever o que via. Subitamente, pareceu-me muito mais difícil descrever (fotografar por palavras) aquilo que conheço melhor. Apesar disso, e por estranho que seja, não encontro verdade no contrário - e, agora que, como o Reis, olho outra vez para as "fotografias que tirei" nos Açores, vejo nelas pouco, muito pouco do que o meu olhar recorda.