....Estou mesmo dentro da nuvem escura. Paro o carro e deixo engatada a marcha atrás, que o declive é acentuado. Olho lá para baixo e vejo mais um cenário de magia. O vento quase não se ouve, e o mágico é a imagem da povoação ali junto ao mar: a nuvem abre‑se, lá, e faz brilhar o pedacinho de mar em frente às casas. É como se se abrisse uma lente sobre aquela película e ela se ferisse, deixando passar toda a luz: o verde muito verde, o azul do mar muito brilhante de prateado, tudo a brilhar e pequenino, longe, de cena irreal emoldurada pela nuvem castanho‑cinzenta da cor das pedras de lava. Desce a nuvem, apaga‑se o brilho; sobe, e resplandece! Desce outra vez e embacia o olhar; sobe outra vez, maravilha! Colhi e comi uma amora silvestre. Azedazinha, saborosa... Presa à porta do carro estava a asa de uma borboleta.