Nos séculos XVII e XVIII, as caravelas portuguesas vinham do Brasil carregadinhas de café, de açúcar e outros bens. Carregadinhas passavam o Atlântico. Para fazerem o caminho de regresso, como eram de fundo rombo, tinham que levar nelas lastro, peso que as impedisse de tombarem no alto mar. Levavam pedras em si, frontões de igrejas, cercaduras de janelas, portais de palacetes, ornamentos em liós, às vezes edifícios inteiros, construídos e desmontados primeiro em Portugal, e reconstituídos depois já no lado de Vera Cruz. Assim passaram as formas do barroco europeu, vindas de França, de Itália, do que hoje é a Alemanha ou da actual República Checa, que influenciavam os nossos arquitectos e artífices, para as construções, civis e religiosas, do Rio, de Pernambuco e da Baía. Iam daqui com um cheirinho a Mafra, parece. As formas estéticas viajam mais pesadas, mais lentas, mas mais belas do que os vírus.